quinta-feira, 21 de julho de 2011

A grande missão da Igreja de Cristo.


                                                                      
                                                                                               Por pr. Geraldo Carneiro

Jesus, o nosso Mestre, fez a todos nós três convites os quais devemos obedecer:

(1) – VINDE A MIM...;

(2) – VINDE APÓS MIM, ...; e

(3) – IDE....

Só quando obedecermos o “VINDE A MIM” e o “VINDE APÓS MIM”, é que teremos condições de cumprir o “IDE”.

A EVANGELIZAÇÃO DOS ESTRANGEIROS:


Os estrangeiros devem ser alvo do mesmo fervor evangelístico que a Igreja reserva para outros segmentos sociais. Assim a Bíblia nos ensina. Vejamos:

 (1) – A VISÃO DE CRISTO ALCANÇOU OS SAMARITANOS – Jo 4:4-30 – O texto bíblico diz que era necessário Jesus passar por Samaria. De modo geral, os judeus usavam outra rota para suas viagens, evitando passar por ali, até mesmo porque os samaritanos eram dados a atos de violência, principalmente contra àqueles que subiam a Jerusalém (Lc 9:51-56).
 Com Jesus foi diferente. O senso do dever de evangelizar lhe impôs descer até a cidade de Sicar, em Samaria, para ali, através de uma mulher, não só evangelizar toda uma região, mas também deixar para os Seus discípulos a grande lição sobre a urgência da ceifa – Jo 4:35. Com isto, o Mestre derrubou as barreiras raciais. Elas não podem impedir o avanço da evangelização. A mesma visão deve orientar a Igreja de Cristo em relação aos estrangeiros. Eles também fazem parte do plano da salvação que Jesus outorgou a todos.

 (2) - A VISÃO DE CRISTO ALCANÇOU A MULHER SIRO-FENÍCIA
– Mc 7:24-30 – O Mestre deixou os termos de Israel e dirigiu-se às fronteiras de Tiro e Sidom, talvez com o propósito de descansar. Pelo menos Mc 7:20 parece pressupor esta ideia. Mas, quem pode conter a presença de Cristo? Logo a mulher recebe a notícia e vai ao encontro de Jesus em busca de socorro, que dá origem ao conhecido diálogo no qual ela foi até a última instancia de sua fé perseverante – Mc 7:28 -. Diante de tamanha fé, Jesus ordenou (mesmo à distancia) que o demônio deixasse amenina e ele obedeceu.

 (3) – A IGREJA PRIMITIVA ALCANÇOU O CENTURIÃO CORNÉLIO – At 10:44-48; 11:1-18 – Cornélio era um militar romano residente em Cesaréia, onde se localizava o quartel-general das autoridades romanas com atividades na Palestina. Em certo sentido, ele foi o ponto de partida do avanço do Evangelho entre os gentios. No entanto, antes foi preciso que Pedro passasse pela experiência do lençol cheio de répteis para livrar-se do preconceito e assimilar a verdade sobre a ampla dimensão do Evangelho na obra de salvação dos pecadores. Só assim Pedro poderia estar apto para pregar ao centurião.

 Após a repetição da mesma experiência do Pentecoste, o apóstolo Pedro não teve outra alternativa, a não ser batizar em água os novos crentes, ainda que isso ocasionasse alguma murmuração da parte dos judeus.

 Qual tem sido a visão da Igreja de Jesus em cumprir o “IDE” e levar o Evangelho aos estrangeiros e às etnias representada pelas tribos indígenas? Não nos esqueçamos: A SALVAÇÃO É PARA TODOS!


EVANGELIZANDO A TODOS OS SEGMENTOS SOCIAIS:

 Há uma tendência no ser humano em considerar-se superior aos demais, principalmente quando se trata de grupos sociais tidos como marginalizados. Tenhamos em mente, porém, que o que nos diferencia como salvos, não são os nossos méritos, mas, sim, o fato de termos sido alcançados pela graça da salvação. Esta graça não nos dá o direito de desprezarmos o nosso próximo; pelo contrario: É força motivadora para nossa ação evangelística, que visa alcançar a todos, inclusive os que estão caídos na sarjeta e àqueles que são marginalizados em razão do seu comportamento fora dos padrões normais da sociedade e, acima de tudo, distante dos princípios da Palavra de Deus.

 (1) – JESUS PREGOU AOS POBRES
– Lc 10:25-37 – Através desta parábola, Cristo deixou bem clara a lição contra a discriminação. Pela lógica, o bom samaritano seria a pessoa menos propensa a socorrer a vítima, em virtude da inimizade entre judeus e samaritanos. Todavia, foi o samaritano quem viveu, naquele ato, toda a dimensão do amor de Deus, que não discrimina ninguém.

 Lc 4:18 cf Mc 10:46; Lc 6:17 – Todas as vezes em que os fatos envolvem multidões, em qualquer momento da história humana, está se referindo à base da pirâmide social, constituída dos pobres. Jesus não só ensinou contra a discriminação, mas Ele mesmo, em nenhum momento, discriminou o próximo, ou mesmo privilegiou determinado seguimento social em detrimento de outro. Ele jamais desprezou os pobres; teve com eles um relacionamento de compaixão.

 (2) – JESUS PREGOU AOS RICOS – Lc 18:18-30 – Apesar de Cristo considerar o coração dos ricos mais endurecido para o Evangelho, em razão dos efeitos negativos que a riqueza produz, Ele também os alcançou com Sua mensagem. A reação de Jesus ao episódio do jovem rico, mostra-nos, por um lado, que a riqueza em si mesma pode constituir-se em empecilho à salvação. Todavia, não exclui a possibilidade do rico salvar-se.

 Por outro lado, o contexto aclara a visão de Cristo, que teve como propósito maior mostrar que a salvação é um ato exclusive da graça de Deus, independentemente das obras humanas. Foi o que Ele deixou bem claro, depois de afirmar ser mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus.

 A densa realidade desta ilustração levou-os a uma conclusão muito mais ampla: - “Logo, quem poderá salvar-se?”, foi o que responderam. O Mestre então concluiu Sua linha de raciocínio: - “As coisas impossíveis aos homens, são possíveis a Deus”.

 (3) – JESUS PREGOU AOS MARGINALIZADOS – O preconceito nunca teve lugar no ministério de Cristo. Analisemos:

 (A) – O LEPROSO
– Mt 8:1-4 – Pelas leis mosaicas, o leproso tinha que se manter afastado da sociedade. Era alguém que, por força das circunstancias legais, não tinha vida social ativa e nenhum acesso aos meios de integração comunitária. Jesus, não só recebeu o leproso, mas o tocou fisicamente. Este ato, para além da cura, está carregado de denso simbolismo, pois o toque fraterno entre duas pessoas, como um cumprimento, por exemplo, sem hipocrisia ou malícia, passa para quem o recebe a sensação de conforto e proteção. Jesus não tentou desviar-se do leproso, para não ser contaminado, quando este veio ao Seu encontro, mas estendeu-lhe a mão.

 (B) – A MULHER ADÚLTERA – Jo 8:1-11 – Neste caso, tudo não passou de uma armadilha dos fariseus para tentar apanhar Jesus em ato falho. Eis algumas lições deste episódio:

 (B.1) – A justiça de Deus não é unilateral, como costuma ser a justiça dos homens. Os acusadores da mulher queriam apedrejá-la, mas se esqueceram de “acusar” o seu acompanhante, para quem a lei previa também condenação de morte – Lv 20:10; Dt 22:22. Outrossim, eles se esqueceram de ver a si próprios como pecadores.

 (B.2) – O mesmo Deus que encerrou a todos debaixo do pecado, através de Sua justiça, proveu a graça da salvação para todos, até mesmo uma prostituta. Portanto, do ponto de vista da justiça de Deus, não há diferença no que tange à “qualidade” do pecado. O rico (na sua ostentação), ou a prostituta (na sua imoralidade), dependem do mesmo favor imerecido de Deus. É preciso que a Igreja tenha isto em mente na obra evangelística para que não caia na tentação de “selecionar” os ouvintes segundo a aparente posição social de cada um.

 (C) – MATEUS, O PUBLICADO – Mt 9:9-13 – O encontro de Cristo com Mateus, um publicado, enseja também a mesma lição quanto aos marginalizados. Aqui temos o outro lado da moeda. Os publicanos exerciam a profissão de cobradores de impostos e eram mal vistos e desprezados pelos judeus, não pela cobrança de impostos em si, mas pelo uso ilícito do instrumento legal para roubar da população sofrida. Zaqueu deixou isto implícito quando se propôs a restituir àqueles aos quais tivesse desfraldado – Lc 18:8.

 O desprezo pelos publicanos estava de tal modo arraigado no cotidiano judaico que Jesus, ao ensinar sobre a correção do crente pecador, orientou a considera-lo como “publicano”, caso não se submetesse as normas da disciplina – Mt 18:17. Ou seja, deveria ser mantido fora das relações da Igreja. Jesus comeu com os publicanos, mas deixou claro o Seu propósito – Mt 9:12-13.

 Sem dúvida, os publicanos tinham um excelente padrão de vida e, talvez, não praticassem os “graves” pecados de uma prostituta. Quem sabe eles tivessem até postura exemplar em sua convivência social. No entanto, diante de Deus, eram doentes espirituais, como qualquer outro pecador, e necessitavam de socorro urgente.

 A salvação é para toda humanidade. Realizar a tarefa de evangelização mundial é um sério compromisso bíblico do povo de Deus com a Sua obra. Porém, não é justo que, pela negligencia da Igreja, os povos não ouçam a voz de Deus e sejam apanhados pelo seu juízo. Os olhos do Senhor estão por toda parte, acompanhando passo a passo a ação da Igreja na proclamação da mensagem do reino de Deus. Em cada cultura ou grupo social cabe aos enviados do Senhor encontrar os instrumentos adequados para proclamar de forma clara, aceitável e consciente a mensagem do Evangelho. Tudo que se requer da Igreja é a mobilização total e prioridade absoluta para a evangelização simultânea até os confins da Terra. Com certeza, a Igreja não falhará.



FONTES DE CONSULTA:
Lições Bíblicas CPAD – 1º Trimestre de 1993 – Comentarista: Geremias do Couto
Lições Bíblicas CPAD – 4º Trimestre de 1998 – Comentarista: Geremias do Couto

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Qual era o projeto original do Reino de Deus?



Não nos iludamos com a aparente fraqueza da presença do reino dos céus no mundo. Parece estarmos em franca derrota diante do inimigo. O mundo parece estar melhor equipado para a guerra. O mal aparentemente está vencendo, pois o número dos que seguem Cristo é bem menor. Mas isso não significa que o mal há de vencer e que seremos derrotados.

O reino de Deus já tem domínio sobre todas as coisas, mas só ao final ele será plenamente consumado e poderemos ver quem realmente somos, como povo de Deus. O fato de não sermos maioria e de sermos perseguidos, não deve nos desanimar. Chegaremos enfim ao tempo quando o reino de Deus será único e nada haverá além dele.

 DEFINIÇÕES DA PALAVRA "REINO"

1º) TERRITÓRIO OU POVO QUE É GOVERNADO POR UM REI (II Rs 15:19);

2º) O GOVERNO SOBERANO QUE DEUS EXERCE SOBRE O UNIVERSO (I Cr 29:11; Sl 22:28; 145:13; Mt 6:13); e

3º) A SOBERANIA QUE DANIEL PROFETIZOU QUE DEUS ESTABELECERIA NA TERRA PARA SEMPRE (Dn 2:44; 7:13-14). ESTA DEFINIÇÃO É NO SENTIDO ESCATOLÓGICO E SE APLICA PARA A EXPRESSÃO REINO DOS CÉUS.

 DEFINIÇÕES E DIFERENÇAS ENTRE AS EXPRESSÕES “REINO DE DEUS” e “REINO DOS CÉUS”:

Mateus, que se dirige aos judeus, na maioria das vezes fala em REINO DOS CÉUS;

Marcos e Lucas falam em REINO DE DEUS, expressão essa que TEM O MESMO SENTIDO DAQUELA, AINDA QUE MAIS INTELIGÍVEL PARA OS QUE NÃO ERAM JUDEUS (Mt 5:3 comparar com Lc 6:20; Mt 11:11 comparar Lc 7:28).

O emprego de REINO DOS CÉUS em Mateus certamente é devido à tendência, no judaísmo, de evitar o uso direto do nome de Deus.

Logo, podemos fazer uma MUITO PEQUENA E MÍNIMA DIFERENÇA entre as expressões REINO DE DEUS e REINO DOS CÉUS; DIFERENÇA ESSA QUE ESTÁ SITUADA NO CAMPO ESCATOLÓGICO:

1) REINO DE DEUS = CÔMPUTO DE TODAS AS BÊNÇÃOS, PROMESSAS e ALIANÇAS QUE DEUS DESTINOU AOS QUE RECEBEM A CRISTO JESUS. O REINO DE DEUS NÃO É APENAS UM LUGAR; É UM ESTADO DE IMENSURÁVEIS BEM-AVENTURANÇAS.

1.1) REINO DOS CÉUS = ESTADO(TERRITÓRIO) CELESTIAL CUJO GOVERNANTE MÁXIMO É DEUS. NESSA PERPECTIVA, O REINO DE DEUS (AS BEM-AVENTURANÇAS) FAZ PARTE DO REINO DOS CÉUS. O REINO DOS CÉUS É MAIS LUGAR DO QUE ESTADO DE ESPÍRITO; É MAIS INSTITUIÇÃO DO QUE ETERNIDADE. É O LUGAR (ALGO VISÍVEL) PARA ONDE VÃO OS BEM-AVENTURADOS.



2) O REINO DE DEUS É ESPIRITUAL, INTERIOR E INVISÍVEL. É DEUS DOMINANDO E REINANDO NAS NOSSAS VIDAS E EM TUDO (Rm 14:17 comparar com Lc 17:20-21)

2.1) O REINO DOS CÉUS É DISPENSASIONAL, FÍSICO, VISÍVEL E EXTERIOR. TERÁ SUA MANIFESTAÇÃO PLENA E TOTAL NO MILÊNIO. É O REINO QUE SERÁ REGIDO POR JESUS (O DESCENDENTE DE DAVI SEGUNDO A CARNE) E QUE TEM COMO ALVO O ESTABELECIMENTO DO REINO DE DEUS (AS BEM-AVENTURANÇAS EM SUA PLENITUDE) SOBRE A TERRA (Lc 1:31-33)



3) O REINO DE DEUS JUNTAR-SE-Á (NO SENTIDO DE MESCLAR) COM O REINO DOS CÉUS QUANDO DEUS-FILHO  ENTREGAR O REINO A DEUS-PAI (I Cor 15:24-28 comparar com Apc 1:5-6; 5:9-10) - OBS:- A palavra "REIS" simboliza AQUELES QUE SÃO PARTICIPANTES DO REINO DOS CÉUS; SÃO OS BEM-AVENTURADOS

3.1) O REINO DOS CÉUS (PRESTAR ATENÇÃO POIS LUCAS USA A EXPRESSÃO REINO DE DEUS) É UNIVERSAL INCLUINDO AS CRIATURAS VOLUNTARIAMENTE SUJEITAS À VONTADE DE DEUS, SEJAM OS ANJOS, A IGREJA OU OS SANTOS DO PASSADO E DO FUTURO (Lc 13:28-29 (ALGO VISÍVEL; EXTERIOR) comparar com Hb 12:22-23).


 HÁ TRÊS TEMPOS EM RELAÇÃO AO REINO DE DEUS:

1º) PASSADO - Mt 3:1- O REINO estava chegando porque Jesus estava para ser introduzido no mundo e Ele estabeleceria o reino de Deus nos corações dos homens (Mt 4:14; 10:7; 12:28; Mc 1:1415);

2º) PRESENTE - Jo 3:16 - Deus não mudou. Ele ainda está construindo o reino de Deus nos corações das pessoas (I Pe 3:8-11); e

3º) FUTURO - O Reino de Deus (PARTE INVISÍVEL, ESPIRITUAL, INTERIOR)se MESCLARÁ com o Reino dos Céus (PARTE FÍSICA, VISÍVEL, EXTERIOR) NA SEGUNDA VINDA DE CRISTO (Mt 6:10) - Quando assim oramos estamos, essencialmente, orando por duas coisas:

A) O DOMÍNIO DE DEUS NOS CORAÇÕES (OU REINO DE DEUS); e

B) PELA VOLTA DE JESUS PARA IMPLANTAÇÃO DO REINO DOS CÉUS NA TERRA (Apc 10:07 comparar 11:15-18 comparar com Ef 5:5).
 
 QUEM ENTRARÁ NO REINO DOS CÉUS:

1) Os pobres de espírito (os humildes) - Mt 5:3
2) Aquele que faz a vontade de DEUS-PAI - Mt 7:21
3) O que lança mão do arado e não olha para trás (os perseverantes) - Lc 9:62
4) Os nascidos de novo - Jo 3:3
5) Os que passam por aflições ou tribulações - At 14:22; II Ts 1:3-5
6) Os lavados, santificados e justificados - I Cor 6:9-10

 O REINO DE DEUS VIRÁ COM PODER - Mc 9:1; I Cor 4:20; Apc 11:17; 12:10; 19:6


Na Santa Paz do Senhor.

Xavier Campos Joaquim

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um Verdadeiro Avivamento




Por Geraldo Carneiro

Muitos demonstram interesse na questão do avivamento, comentando sobre essa necessidade na Igreja. No entanto, precisamos saber que tipo de avivamento queremos, porquanto há um grande número de ideias destoantes acerca do assunto. Para muitos, avivamento: são decisões por Cristo; para outros, dons espirituais; para outros, entusiasmo e outros pensam que é puramente santidade. Se queremos orar e trabalhar em unidade, precisamos ter um ponto de vista definido. Para isso, devemos examinar as Escrituras. 


 EXEMPLO PERFEITO DE AVIVAMENTO
 
Leiamos At 2:1-12 - Aqui encontramos o exemplo perfeito de um genuíno avivamento. Não pensamos que todo avivamento seja exatamente igual a esse. Mas há princípios ou sinais que realmente são comuns aos outros avivamentos. Desse texto podemos extrair: 

          O AVIVAMENTO NÃO ESTÁ SOB NOSSO CONTROLE; ESTÁ SOB O CONTROLE DE DEUS – “... de repente...” - Não podemos "usar" o Espírito Santo. Não podemos "programar" um avivamento; não podemos datá-lo; ele é um ato soberano de Deus. 


                  O AVIVAMENTO NÃO É PRODUZIDO PELO HOMEM – “... veio do céu...” - Este é realmente o ponto fundamental. Muitos se preocupam com o evangelismo, com o estado de mornidão e o pequeno número de conversões. É até uma justa preocupação. Porém, ficam ansiosos por descobrir o impedimento e querem fazer algo a respeito. O grande problema é: O que é esse algo? 
 
Em geral, os crentes pensam em certos métodos ou estratégias: precisamos orar mais alto; devemos chamar certos preletores para a Igreja; devemos iniciar um culto de libertação ou fazer a reunião de oração de um outro jeito. Há os que crêem que se tivermos certos dons espirituais, a Igreja será avivada; e ainda há os que pensam que uma série de estudos sobre avivamento é a chave correta! 
 
Ora, não há dúvida de que cada um desses métodos pode ser usado por Deus para despertar e avivar a Igreja. A grande falha está em não percebermos que Deus não está preso a nenhum método. Deus não depende da aplicação, por nossa parte, de certas técnicas espirituais. O verdadeiro avivamento é algo que está nas mãos de Deus e não pode ser produzido por nossos métodos. Se queremos um genuíno avivamento, temos de esperá-lo vir dos céus. Não temos que produzi-lo! 


Então, o que podemos fazer? Podemos interceder, podemos nos arrepender dos pecados, podemos ter vida de oração, podemos ser fiéis na obra de Deus, podemos parar de acusar os líderes e tirar a trave que está nos nossos olhos, podemos amar e servir nossos irmãos e podemos nos humilhar até o pó diante da soberania absoluta de Deus na questão do avivamento.
Não adianta imitar avivamentos. Temos de ter fé e perseverança para buscar a Deus e crer que o avivamento descerá dos céus.


                    O AVIVAMENTO BÍBLICO É UMA EXPERIÊNCIA COM DEUS – “... Todos ficaram cheios do Espírito" - Esse é o problema com os avivamentos que encontramos por aí. Os crentes não estão buscando uma experiência pessoal e profunda com o próprio Deus. Eles só querem ver, só querem assistir a estudos bíblicos excelentes, milagres, um grupo de louvor ungido, um pregador que pula, grita e levita diante o púlpito. E assim as Igrejas se parecem com teatro: As pessoas não vão para participar; vão para assistir. Não adianta simplesmente imitar essas coisas. Se quisermos um avivamento genuíno, devemos esperá-lo vir diretamente dos céus!


                   O AVIVAMENTO É UMA EXPERIENCIA COMUNITARIA, OU DO CORPO DE CRISTO - As línguas de fogo pousaram "sobre cada um deles" e então "todos ficaram cheios" - Essas expressões, "cada um" e "todos" nos dizem muita coisa sobre a vontade de Deus. Deus não quer se expressar através de apenas alguns indivíduos; Deus quer o corpo, ou seja, Ele quer usar toda a Igreja. Todos são sacerdotes. Não há lugar para estrelas na nova aliança. 


Essa é, no entanto, a tentação de muita gente. O que os crentes esperam, não raramente, é um derramamento do Espírito no modelo do AT. O que eles esperam é que Deus de repente irá levantar um "Moisés" ou um "Josué", um profeta que será cheio do Espírito para conduzi-los à terra prometida. 


Nesse modelo, não são todos cheios do Espírito. Só os líderes. Eles devem ser ungidos e santos. Nós não. Nós somos os seguidores. Vamos atrás e recebemos as bênçãos.
Sem dúvida, Deus pode levantar um líder assim, mas isso não é avivamento. Isso não cumpre o propósito de Deus; porque o propósito de Deus é a Igreja, o corpo. O avivamento da Igreja não é um punhado de líderes ungidos e um monte de seguidores. Não! O avivamento Bíblico da Igreja é um corpo de pessoas cheias do Espírito Santo. Não poucos, mas cada um. Cada crente cheio, fortalecido e ungido com o Espírito. Não um profeta Moisés, que anda com Deus enquanto os outros assistem, mas uma companhia de discípulos cheios do Espírito, tanto líderes como liderados.

                    O AVIVAMENTO TRAZ A MANIFESTAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS – “... Vossos Filhos Profetizarão!” - Como se pode verificar nos Vs. 3 e 4, no momento do derramamento do Espírito, ocorreu uma distribuição de graça. Sobre cada um repousou uma língua de fogo, e depois eles foram capacitados a falar em línguas. Mais à frente, Pedro cita o profeta Joel.  

No A. T., a capacitação para a obra de Deus e a concessão de dons espirituais se limitava a alguns homens escolhidos: profetas, reis, sacerdotes e juízes. O povo, em geral, não experimentava o derramamento do Espírito. Mas a promessa de Deus, para a nova aliança, é que o Espírito seria dispensado a todos; os dons espirituais, também. 

Uma característica fundamental do derramamento do Espírito é a distribuição de dons espirituais a todos os crentes. O que Joel diz da nova aliança, é que todos devem ter dons. É o que Paulo nos ensina em 1 Co 12:7-11 e 14:26. Os dons estão distribuídos entre todos, e não para algumas estrelas. A distribuição livre de dons, e a manifestação do Espírito é um sinal de avivamento genuíno.

                    O AVIVAMENTO TRAZ O ARDOR MISSIONÁRIO - Raramente nos damos conta disso, mas a distribuição de línguas em At 2 foi um milagre transcultural - O Dom de línguas não é, em geral, compreensível. O próprio Paulo ensina que só deve ser usado na Igreja com interpretação. Mas o que se observa em At 2 é que as línguas faladas eram a dos estrangeiros que estavam em Jerusalém (Vs. 5-12). Isso mostra o desejo de Deus de alcançar essas pessoas de outras nações.
Jesus já havia dito que a finalidade do poder do Espírito descer sobre nós é sermos transformados em testemunhas, capacitadas para falar a Palavra. É o que aconteceu em At 2; depois da pregação de Pedro, converteram-se 3000. 


Mais à frente, vemos os crentes orando e sendo cheios do espírito, e assim capacitados a pregar (At 4:31), e por todo o livro de Atos, o Espírito move a Igreja a evangelizar e fazer missões. A Igreja dos primeiros tempos era marcada pelo ardor missionário! 

Uma Igreja avivada é uma Igreja que tem sede de evangelizar e tem compaixão pelos que se perdem. Uma Igreja avivada não está preocupada com banalidades, mas com a missão. Muitos crentes querem o poder do Espírito para ver milagres, não para salvar almas. Querem receber bênçãos, mas não ser uma bênção. Tudo isso apaga o Espírito. Evangelismo e missões são uma marca indispensável do avivamento genuíno.


CARACTERÍSTICAS BÁSICAS PARA REALIZAÇÃO DE UM AVIVAMENTO

Leiamos Hc 3:1-2 e vejamos:

             ORAÇÃO PROFUNDA - "Oração do profeta Habacuque" - Oração pessoal, a partir do profeta de Deus. Todos devem orar muito por um avivamento poderoso, glorioso e soberano, enviado por Deus.
Todos os avivamentos da Bíblia e da história da Igreja foram marcados e conservados na atmosfera da oração, jejum, arrependimento, confissão espontanea, quebrantamento de espírito, humilhação diante de Deus e santidade. Precisamos intensificar também a nossa oração pessoal intercessória pela obra de Deus, como fez Habacuque.


               LOUVOR - "Sobre sigionote" - Trata-se de um termo musical plural, cujo singular é "sigaiom". Indica CANTAR ANIMADAMENTE. Uma Igreja reavivada inclui abundante "música de Deus" (1 Cr 16.42).
Em inúmeras Igrejas, a verdadeira música sacra morreu; seu espaço é preenchido com música e canto tipo passatempo, diversão, animação; sem peso, sem mensagem, sem vida, sem unção, sem melodia, sem graça, sem oração, sem endereço, sem nada.
Devemos orar para que tenhamos outra vez no culto a música realmente sacra, santa, bíblica, espiritual; os louvores que brotam primeiro como fontes do coração crente, da experiência vivida e encarnada na vida devocional da cada um de nós – Ef 5:19.


               A PALAVRA DE DEUS - "Ouvi, Senhor, a tua Palavra" - A Palavra de Deus abundante, fluente, poderosa, revigorante e renovadora é o grande agente divino para o avivamento.
Hoje a Palavra saiu dos púlpitos da maioria das Igrejas e foi substituída ardilosamente e quase sempre por música, festas e outros tipos de apresentações.
Os caps. 8 e 10 de Neemias descrevem um dos maiores avivamentos do A. T. O avivamento teve início mediante um autêntico retorno à palavra de Deus e um esforço decisivo para a compreensão da sua mensagem (v.8), durante sete dias, seis horas por dia, Esdras leu o livro da lei (vv. 3, 18).

Uma das principais evidências de um avivamento bíblico entre o povo de Deus é a grande fome de ouvir, ler e estudar a palavra de Deus.


               TEMOR DE DEUS - "E temi" - Sem renovação espiritual constante na sua vida, o crente perde aos poucos o repúdio ao pecado, sua sensibilidade espiritual diminui e o temor de Deus também. Isso afeta seriamente as coisas de Deus, os valores espirituais, principalmente a santidade de vida e a retidão no viver cotidiano.


               RENOVAÇÃO ESPIRITUAL - "Aviva, ó Senhor, a tua obra" - Precisamente falando, avivar, tem a ver com quem já morreu; reavivar, com quem ainda tem vida. Vários membros da Igreja de Sardes tinham nome no rol dos vivos, mas estavam mortos espiritualmente falando (Ap 3.1). 

Que é avivar espiritualmente? É uma operação soberana, irresistível e sobrenatural do Espírito Santo na Igreja para trazê-la de volta ao real Cristianismo bíblico, como retratado em Atos dos Apóstolos. Ao avivar e reavivar a Igreja, Deus salva crentes inconversos, liberta os crentes carnais, realiza prodígios e milagres, levanta os caídos, salva multidões, os crentes buscam a vida santificada, os perdidos buscam a salvação e prevalece o espírito de unidade de alma entre os crentes – Jo 6:66-67.


            Lv 6:13 - Avivamento é o estado constante da Igreja, abrasada pelo glorioso fogo do Espírito Santo. Na  Bíblia,        alguns símbolos do fogo são:

      A proteção de Deus – Ne 9:16; Zc 2:5
       A palavra de Deus – Jr 5:14; 23:29
      O Espírito de Deus – Is 4:4; At 2:4

Portanto, o avivamento que devemos buscar é aquele que reacenda o pavio fumegante e torne a igreja numa grande e gigantesca obra amada por Deus, respeitada por satanás e temida pelos adversários.